quinta-feira, 1 de março de 2012

Cru, sem açúcar, sem anestesias.

Tentar chorar, sentir vontade de chorar, sentir aquele aperto no peito, aquela dor no coração, sentir todos os sintomas de uma crise de choro de horas, e nenhuma, nenhuma lagrima sequer sair dos seus olhos, é normal? Pela primeira vez na vida, tentei chorar e eu realmente não consegui. 
Realidade que desce crua e seca na sua garganta desnutrida, você se depara tentando ser um daqueles frangos de televisão de cachorro que todo mundo passa, dá aquela olhada, deseja, olha de novo, e não leva. Quando na verdade ser um desses frangos, nunca foi um sonho seu. A gente as vezes se foca num sonho, acaba embolando ele com outra coisa e no fim, percebe que o sonho se perdeu pelo caminho, desfocar do sonho significa o que? Falta de capacidade? Falta de amor ao sonho? Falta de vontade? Falta? Falta? Falta de vergonha na cara?
De verdade, tenho andado com vergonha, com vergonha de ser a mesma imbecil de sempre, vergonha de mim, vergonha, vergonha que não me deixa olhar no espelho. De repente não me cabe falar aqui de relacionamentos, nem de emprego, nem de amigos, nem de faculdade, nem de estado civil, nem de grana; resta apenas falar aqui do meu eu, dos erros que ele comete de cara limpa.
Vê sua melhor amiga mal em um hospital em plena quinta-feira de reabertura de Privilége, pensar que tudo que foi feito, tá feito e não tem jeito de mudar, pensar em você, no outro, nos tantos outros, pensar nos seus sonhos, objetivos e metas, sabe, de repente, tudo isso, escapa pelos seus dedos, você se sente incapaz, você se sente escravo de alguma coisa que não pertence ao mundo real, você se vê como uma dessas pessoas imbecis que você sempre cansou de apontar na rua como tal, engraçado né?! Quando o errado é no vizinho, a gente sempre aponta, quando é dentro de casa, a gente faz questão de tentar dá uma dixavadinha. Engraçado, estranho, enlouquecedor é como os conceitos se tornaram malucos. O que nasceu imperfeito, nasceu porque era perfeito com aquela imperfeição, e se você não aceita isso, você acaba enlouquecendo. É, de repente você se vê meio louca, preciso de um tempo pra voltar a lucidez, preciso desse tempo, comigo mesmo, tempo de me aceitar, tempo pra gostar um pouco mais de mim, to aceitando doações e também comprando relógios, eu aprendi a ser paciente, agora preciso aprender a me aceitar. Chega de falsas ilusões, chega busca por perfeição, as coisas chegam, pra quem sabe ter, e pra quem tem paciência de esperar.
- Ok, eu já deveria ter ido dormir.


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